domingo, 9 de setembro de 2012

Dedicado a Antónia Medeiro,

Naquele final de tarde, as suas  mãos envelhecidas seguravam com firmeza um pequeno regador de esmalte.
 No meio da  pequena horta verdejante sobressaiam as suas vestes negras, os cabelos meio brancos, meio cinzentos estavam cobertos por um chapéu de palha que a protegia de um sol ainda quente.
Junto à horta ficava a casa baixinha igual a tantas outras branca com  porta  e janelas verdes .
Não se ouvia mais do que a água  do ribeiro e alguns pássaros que agilmente sobrevoavam aquele local tranquilo e perfumado a alecrim.  
As  mãos cheias de rugas e sinais de um tempo de lutas abrem a porta pelo postigo.
 Ao entrar naquela casa silenciosa, ajeita  cuidadosamente as toalhas de renda que servem de adorno para um amontoado de retratos a preto e branco contornados por molduras antigas, nesses retratos estão pedaços longínquos da sua vida.
Antónia pega numa caixa com linhas finas e coloridas.
Naquele final de tarde senta-se no poial fresco junto à   porta de casa. Ajeita os óculos e espreita  atentamente aquela aldeia pequenina com casas branquinhas  e chaminés fumegantes,  ao longe avista o colorido da mais bela das planícies alentejanas. 

Paula Maruta Marques